Data: 17-08-2012
Criterio:
Avaliador: Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho
Revisor: Tainan Messina
Analista(s) de Dados: CNCFlora
Analista(s) SIG:
Especialista(s):
Justificativa
Maytenus ilicifolia caracteriza-se por subarbustos a árvores. Não endêmica do Brasil. Ocorre nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Campos Sulinos, principalmente em florestas ombrófila mista e estacional semidecidual, nos capões e margens de rios das estepes, especialmente em áreas de influência fluvial. Encontrada predominantemente na região Sul, sendo pouco abundante em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Apresenta EOO de 1.103.997,13 km². Protegida por unidades de conservação (SNUC). Apresenta potencial medicinal, porém não está sob alguma ameaça direta. Bem representada em coleções científicas. Não ameaçada no contexto nacional.
Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.
Nome válido: Monteverdia ilicifolia (Mart. ex Reissek) Biral;
Família: Celastraceae
Sinônimos:
Maytenus ilicifolia é frequentemente identificada como M. aquifolia. Apesar de serem espécies taxonomicamente bem definidas, pela forma de seus ramos, há uma grande similaridade entre flores e folhas. M. ilicifolia é distinta das demais espécies da seção, principalmente por seus ramos angulosos tetra ou multicarenados e seus frutos orbiculares de coloração vermelho-alaranjada. Nomes populares: "espinheira-santa", "cancorosa", "espinheira-divina", "erva-cancrosa", "erva-santa", "cancerosa" (Carvalho-Okano, 1992).
As folhas de Maytenus ilicifolia são usadas na medicina popular como antiácido e atividade antiulcerogênica (Vieira, 1999), antiespasmódico, contraceptivo, antiulcerogênico, diurético, cicatrizante e analgésico (Mossi et al., 2009).
M. ilicifolia é encontrada predominantemente na região Sul do Brasil. A ocorrência da espécie nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul é pouco abundante (Carvalho-Okano, 1992). Por ser ramificada desde a base, é mencionada com pouco frequência em levantamentos fitossociológicos, pois estes, em geral, consideram árvores com diâmetro acima de 10 cm e cada um dos caules da espinheira-santa dificilmente atingem esse diâmetro. Segundo Scheffer (2004), os valores de IVI para esta espécie são baixos quando comparados com os de outras espécies florestais. Ocorre formando pequenos grupos de distribuição desuniforme (Scheffer, 2004). Mossi et al. (2009) em seu estudo realizou amostras de pelo menos 30 indivíduos adultos em 15 diferentes subpopulações estando elas: no Rio Grande do Sul (municípios de Barão de Cotegipe, Canguçu, Erechim, Santana do Livramento, São José, Soledade, Unistalda e Vale Verde); em Santa Catarina (Caçador, Lages e São Joaquim); no Paraná (Guarapuava, Irati e Mangueirinha); e no Mato Grosso do Sul (Ponta Porã).
Distribui-se nos Estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (Lombardi et al., 2012).
Subarbusto ou árvore, ramificado desde a base, com cerca de 5 m de altura. Ramos novos glabros angulosos, tetra ou multicarenados. folhas congestas, coriáceas. Inflorescências em fascículos multifloros. Fruto cápsula bivalvar, pericarpo vermelho-alaranjado (Carvalho-Okano, 1992). Ocorre em Floresta Ciliar e/ou de Galeria, Floresta Estacional Semidecidual (Lombardi et al., 2012).
1.3 Extraction
Detalhes
Tradicionalmente, as folhas da espinheira-santa são coletadas nas florestas, porém, com a redução destas pela expansão dos centros urbanos, agricultura, pecuária e outros fatores antrópicos, o número de árvores vem se reduzindo drasticamente. Isto, associado ao aumento na demanda provocado pela comprovação de suas propriedades terapêuticas, está submetendo a espécie a grave erosão genética. O corte sistemático dos ramos novos reduz a produção de sementes, pois a produção de frutos concentra-se nos ramos do ano anterior. Existe até o risco do desaparecimento em determinadas áreas, conforme já constatado no Paraná. Universidade e órgão de pesquisa estão realizando estudos que visam estimular seu cultivo. Porém, estima-se que 95% da espinheira-santa consumida ainda é obtida por extrativismo. Há poucos dados oficiais do extrativismo uma vez que os coletores agem ilegalmente (Scheffer, 2004). Em decorrência da comprovação científica das propriedades antiulcerogênicas da espinheira-santa, houve no comércio um brusco e significativo aumento da demanda pela planta, sem o devido planejamento para garantir a sua produção. De fato, até então, a espécie não era cultivada e toda folha de espinheira-santa provinha do extrativismo. As primeiras tentativas de cultivo foram frustrantes devido a baixa germinação das sementes e pelo crescimento lento. Essas dificuldades acarretaram o desânimo dos agricultores e favoreceram um extrativismo desenfreado, pondo a espécie em risco de extinção (Magalhães, 2002). A redução das árvores de espinheira-santa vem preocupando os produtores. Segundo um dos coletores tradicionais, com 45 de experiência, nos últimos 10 anos ele observou uma redução de 30% no rendimento das áreas em que ele coleta, decorrente da expansão das áreas urbanizadas e da exploração excessiva. A tendência atual é a ampliação das áreas de cultivo da espécie em consequência da redução drástica das populações naturais e da exigência de maior qualidade do produto por parte dos compradores, especialmente por empresas idôneas. Depois da demanda inicial no final dos anos 80, após a divulgação dos resultados que comprovam as propriedades terapêuticas da espinheira-santa, a demanda se estabilizou na década de 90. Atualmente a demanda tende a aumentar novamente em função do desenvolvimento de novos medicamentos com espinheira-santa. Este aumento, em conjunto com a redução das populações nativas, tem estimulado o cultivo da espécie para garantir às indústrias um fornecimento de matéria-prima adequado em quantidade e com a qualidade necessária (Scheffer, 2004). Segundo a autora, apesar da atenção que a espinheira-santa tem recebido por parte de universidades, órgãos de pesquisa, serviços de extensão e fiscalização, os resultados práticos estão sendo insuficientes para garantir sua preservação. A falta de integração na atuação dos diversos órgão envolvidos e a falta de organização dos produtores contribuem para este quadro (Scheffer, 2004).
1.2.2.2 National level
Situação: needed
Observações: Segundo Vieira (1999) estudos sobre a conservação in situ e sistemas sustentáveis de colheita ainda são necessários para a conservação da espécie. Estratégias para conservação genética em Maytenus ilicifolia devem ser estruturadas de acordo com os parâmetros ecogeográficos locais, realizando a coleta em cada um dos compartimentos ambientais em que os indivíduos se encontram (Bittencourt, 2001).
1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Considerada "Rara" (RR) pela Lista vermelha daflora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).
- CARVALHO-OKANO, R.M.D. Estudos Taxonômicos do gênero Maytenus Mol. emend. Mol. (Celastraceae) do Brasil extra-amazônico. Tese de doutorado. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas, 1992.
- LOMBARDI, J.A., GROPPO, M., BIRAL, L. Celastraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB006751>. Acesso em: 29/05/2012.
- SCHEFFER, M.C. Produção de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reiss) na região metropolitana de Curitiba, Paraná, Brasil. In: ALEXIADES, M.N.; SHANLEY, P. Productos forestales, medios de subsistencia y conservación. Indonésia: Centro para la Investigación Forestal Internacional, p.329-349, 2004.
- MOSSI, AJ.; MAZUTTI, M.; PAROUL, N.; CORAZZA, M.L.; DARIVA, C.; CANSIAN, R.L.; OLIVEIRA, J.V. Chemical variation of tannins and triterpenes in Brazilian populations of Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reiss. Braz. J. Biol., v. 69, n. 2, p. pp. 339-345, 2009.
- VIEIRA, R.F. Conservation of Medicinal and Aromatic Plants in Brazil. Perspectives on new crops and new uses, 1999.
- BITTENCOURT, J.V.M. Variabilidade genética em populações naturais de Maytenus ilicifolia por meio de marcadores RADP. Scientia Agraria, v. 2, n. 1, 2001.
- MAGALHÃES, P.M.D. Agrotecnologia para o cultivo da Espinheira Santa in Unicamp. Disponivel em: <http://www.cpqba.unicamp.br/plmed/artigos/agroespsant.htm>. Acesso em: 31/05/2012.
- LOMBARDI, J.A.; GROPPO, M.; BIRAL, L. Celastraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB006759>. Acesso em: 31/05/2012.
- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.
CNCFlora. Maytenus ilicifolia in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora.
Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Maytenus ilicifolia
>. Acesso em .
Última edição por CNCFlora em 17/08/2012 - 17:55:56